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Brave quer aposentar HTTP e criar uma web descentralizada com protocolo IPFS

Guilherme Petry

O navegador Brave, conhecido por bloquear anúncios e rastreadores, anunciou na última semana, que quer criar uma web descentralizada, mais democrática e difícil de ser censurada com um protocwolo de rede InterPlanetary File System (IPFS) de ponta-a-ponta (P2P).

O Brave, é um navegador baseado no Chromium, projeto open source do Google Chrome e assim como todos os navegadores atuais mais populares, opera com o protocolo HTTP(S). No entanto, Brian Bondy, CTO e co-fundador da Brave Software, empresa mantenedora do navegador, explica que a equipe está trabalhando na implementação do IPFS desde 2018 e a versão 1.19 do navegador já possui suporte para a nova tecnologia.

O executivo explica que a nova tecnologia é empolgante e possui muitas vantagens, quando comparada com o protocolo tradicional, já que conteúdos acessados anteriormente podem ser visualizados offline, além de ajudar editores e criadores de conteúdo a distribuir conteúdo sem altos custos de banda larga.

“Existem vantagens de desempenho para carregar conteúdo por IPFS, [o novo protocolo] é importante para blockchain e para integridade de dados auto-descrita. O conteúdo visualizado anteriormente pode até ser acessado offline com IPFS! A rede IPFS dá acesso ao conteúdo mesmo que tenha sido censurado por corporações e estados-nação, como por exemplo, partes da Wikipedia”, diz Bondy.

Como funciona

Ao contrário do HTTPS, onde há um local específico de armazenamento de conteúdos, o protocolo IPFS funciona com o mesmo princípio dos torrents e permite que os usuários baixem conteúdos usando um “hash de conteúdo”. Ou seja, cada usuário representa um nó na rede IPFS e caso um dos nós não esteja online, oferecendo esse conteúdo, o sistema busca outras fontes.

Outra vantagem é que conteúdos hospedados com esse sistema tornam-se mais difíceis de serem censurados por governos autoritários. “HTTP(S) usa Uniform Resource Locators (URLs) para especificar a localização do conteúdo. Este sistema pode ser facilmente censurado, pois o conteúdo é hospedado em locais específicos em nome de uma única entidade e é suscetível a ataques de negação de serviço (DDoS). O IPFS identifica seu conteúdo por caminhos de conteúdo dentro do Uniform Resource Identifier (URIs), mas não por URLs”, explica o executivo.

Os endereços dos sites com IPFS, no entanto, são muito diferentes dos tradicionais HTTPS. Ao invés de começar com “http(s)://” eles começam com “ipfs://”.

Veja um exemplo:

ipfs://bafybeiemxf5abjwjbikoz4mc3a3dla6ual3jsgpdr4cjr3oz3evfyavhwq/wiki/Vincent_van_Gogh.html

Segurança e Blockchain

O Brave é o primeiro navegador a ser nativamente compatível com o protocolo IPFS e embora a tecnologia ainda seja muito nova, ela pode ser capaz de aposentar os protocolos tradicionais, além de criar uma web descentralizada, o que pra muita gente parece coisa de filme de ficção científica.

De acordo com Bondy, o IPFS também traz benefícios com relação à segurança e privacidade, mas isso depende de como o navegador vai estar configurado. “Se o Brave estiver configurado para usar um nó IPFS local, ao acessar o conteúdo IPFS, ele também o torna um host temporário desse conteúdo. Por outro lado, se o Brave estiver configurado para usar um gateway IPFS público, os riscos de privacidade serão diferentes. Por exemplo, esse gateway pode ver o conteúdo que um usuário está pedindo para carregar por meio de solicitações IPFS. O gateway também pode mentir sobre o conteúdo que está servindo ao usuário”, explica.

Ainda segundo o executivo, o IPFS, assim como outros protocolos descentralizados, são importantes para blockchains e contratos que operam em redes descentralizadas.

A versão 1.19 do navegador, com suporte ao protocolo IPFS, já está disponível no site da desenvolvedora, para utilizar, basta digitar ‘ipfs://’ no início da URL, ou instalar a opção IPFS completa, que faz com que o navegador se torne um nó na rede descentralizada de ponta-a-ponta.


Fontes: Brave; The Verge.

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