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Morre André Luiz, profissional de SI pioneiro em estudo de phishing

Ramon de Souza

Esta última quinta-feira (28) foi uma data triste para a comunidade brasileira de segurança da informação. É com um enorme pesar que a The Hack noticia a morte de André Luiz, respeitado profissional do segmento conhecido por seu pioneirismo em reporte de campanhas de phishing e análise de malwares. André, aos 42 anos, contraiu a COVID-19, doença infecciosa causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV2) e não resistiu às complicações causadas pela enfermidade.

Graduado em Tecnologia em Segurança da Informação pela UNINOVE, a bem-sucedida carreira de André começou no Linha Defensiva, famoso site sobre segurança da informação inaugurado em 2005 pelo jornalista Altieres Rohr. Em uma época em que pouco se falava sobre o assunto, a equipe do veículo alertava a internet a respeito de ameaças digitais e oferecia dicas de proteção pessoal na ambiente digital.

“A Linha reunia pessoas entusiastas da área da segurança da informação, análise de malware e resposta a incidentes. Eram todos voluntários, ninguém ganhava nada. Tudo era feito por paixão. Ele se tornou membro do ARIS, grupo de Análise e Resposta a Incidentes de Segurança; seu papel era o de reportar phishing, e isso ele fazia muito bem”, relembra Fabio Assolini, pesquisador sênior da Kaspersky Brasil e amigo próximo de André.

“Os diversos ataques de phishing encontrado por ele eram na sua maioria reportados ao PhishTank — plataforma colaborativa que recebe essas denúncias e as encaminha gratuitamente para empresas de segurança. Em pouco tempo, ele se tornou um dos contribuidores mais assíduos da plataforma. Sua dedicação foi, para mim, a inspiração para um projeto profissional cujo objetivo foi melhorar a detecção de ataques de phishing, algo que alguns players da indústria de segurança ainda precisam fazer, pois esse tipo de ataque costuma ser bastante localizado”, continua Assolini.

O volume de sites de phishing reportados por André foi tão grande que chegou a incomodar os criminosos cibernéticos, que passaram a enviar ameaças de morte ao especialista em 2013. Porém, a pressão não o desanimou e, quando a equipe do Linha Defensiva se separou para trabalhar profissionalmente na área, o especialista fundou sua própria marca — a Defesa Digital, composta por perfis no Facebook e no Twitter, com o mesmo propósito de analisar e alertar a população a respeito de novas campanhas de phishing e novos malwares.

A paixão de André pelo combate ao cibercrime lhe rendeu uma oportunidade de emprego na Tempest, última empresa na qual ele atuou antes de seu falecimento.

“Muitos usuários na internet brasileira foram protegidos pelo seu esforço pessoal em fazer da rede um lugar mais seguro. Sua morte prematura é uma grande perda para a comunidade de segurança no Brasil e infelizmente será comemorada por diversos malfeitores que insistem em enganar, explorar e roubar do usuário leigo e inocente, em um país que ainda carece boas iniciativas de educação cibernética”, finaliza Assolini, em entrevista à The Hack.

Perda imensurável

Não demorou muito para que a internet fosse inundada por homenagens direcionadas à André. Profissionais da área publicaram mensagens de despedida, sobretudo no Twitter, relembrando grandes feitos do especialista. A The Hack, enquanto veículo de mídia altamente influenciado por projetos pioneiros como o Linha Defensiva, lamenta profundamente esta perda imensurável e faz votos que os familiares de André encontrem conforto neste momento tão difícil.


Rest in Peace.

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