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Operação Dunhammer: Dinamarca ajudou a NSA a espionar políticos na Europa

Guilherme Petry

O Serviço de Inteligência e Defesa da Dinamarca (Forsvarets Efterretningstjeneste [FE]) foi descoberto fornecendo informações internas à Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) através de cabos de internet subaquáticos, entre 2012 e 2014.

As informações foram descobertas em uma investigação realizada pela Rádio Dinamarca (DR), que coletou depoimento de nove envolvidos. Segundo os depoimentos, Angela Merkel, chanceler da Alemanha; Frank-Walter Steinmeier, então ministro de Relações Exteriores e Peer Steinbrück, principal representante da oposição na época, além de seus gabinetes e funcionários, foram afetados pelo acordo secreto entre a FE e a NSA.

De acordo com a investigação, a NSA "interceptava tudo", desde mensagens de texto a chamadas telefônicas. Praticamente qualquer informação que passava pelos cabos de internet subaquáticos da Dinamarca.

Mapa dos cabos de internet subaquáticos que chegam a Dinamarca. Foto: DR.
Mapa dos cabos de internet subaquáticos que chegam a Dinamarca. Foto: DR.

Além de acessar informações sigilosas para fins de investigação sob interesse do governo estadunidense, também foi descoberto que a NSA instalou um software de espionagem, o XKeyscore, desenvolvido pela própria NSA, em servidores na cidade dinamarquesa de Dragør.

Como explica a reportagem, o XKeyscore é um software específico, utilizado para recuperação de dados para fins de vigilância, permitindo que a NSA rastreie informações de qualquer indivíduo. O aplicativo é capaz de acessar o áudio de ligações, e-mails e até histórico do navegador.

Já de acordo com o grupo de mídia alemão Deutsche Welle (DW), o governo dinamarquês concluiu que havia um acordo secreto entre as agências desde 2015, após as divulgações de Edward Snowden (ex NSA que foi a público divulgar as atrocidades cometidas pela agência) e a coleta de fatos e evidências durante 2014. Essas informações, no entanto, só chegaram à imprensa agora, com a investigação da DR.

Essa coleta de dados foi nomeada de Operação Dunhammer e contou com a participação direta do governo da Dinamarca e mais quatro profissionais de segurança da informação.

Com base nessa pesquisa, o governo dinamarquês concluiu que a FE ajudou a NSA a espionar políticos importantes na Suécia, Noruega, Holanda, França e Alemanha. Além disso, a inteligência dinamarquesa também ajudou a NSA a espionar o Ministério de Finanças dinamarquês, uma empresa fabricante de armas e o próprio governo dos EUA.

Em 2020, o governo da Dinamarca demitiu indiretamente, forçando a renúncia de toda a liderança do FE.


Fontes: DR; DW.

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