Você provavelmente não sabia, mas, em 2016, foi criada a pioneira Comissão de Energia da Califórnia (California Energy Commission ou CEC), cujo objetivo era definir regulamentos e padrões de eficiência energética para garantir um melhor consumo de eletricidade no estado. Acontece que, no dia 1º deste mês, entrou em cena a implementação do Tier 2 do plano de regulamentação — e ele proíbe a venda de determinados computadores que consumam muita energia quando não estão sendo ativamente usados (ou seja, em stand-by).
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Mais cinco estados dos Estados Unidos aderiram às novas leis: Colorado, Havaí, Vermont, Oregon e Washington, D.C. Com isso, fabricantes de computadores voltados ao público gamer se viram obrigados a retirar alguns produtos das prateleiras; a primeira delas foi a Dell, que, em seu site, passou a bloquear automaticamente quaisquer vendas da maioria de sua linha de PCs de alto desempenho para tais localidades. Caso o cliente tente efetuar a compra, vai se deparar com uma mensagem não muito animadora.
“Este produto não pode ser enviado para os estados da Califórnia, Colorado, Havaí, Oregon, Vermont ou Washington devido aos regulamentos de consumo de energia adotados por esses estados. Todos os pedidos feitos com destino a esses estados serão cancelados”, afirma a marca. Os modelos ainda estão disponíveis na Amazon, mas é provável que encomendas também sejam canceladas pela marca. Posteriormente, em entrevista ao The Register, a Dell confirmou a restrição de seu portfólio.
“Sim, isso foi impulsionado pela implementação do Nível 2 da California Energy Commission (CEC), que definiu um padrão obrigatório de eficiência energética para PCs — incluindo desktops, all-in-ones e consoles portáteis de jogos. Isso entrou em vigor em 1º de julho de 2021. Configurações selecionadas do Alienware Aurora R10 e R12 foram os únicos sistemas afetados pela Dell e Alienware”, garantiu a companhia.
Vale a pena observar que as novas regras californianas só se aplicam a computadores pré-montados, e não a setups que sejam configurados em casa pelo próprio usuário. Porém, ainda restam dúvidas se a legislação vai tirar outras máquinas do mercado — como bem percebido pelo pessoal do site AppleInsider, o Mac Pro 2019 da Apple, em sua mais potente configuração, por exemplo, consome mais energia do que os produtos da Dell que foram tirados de linha (302 watts contra meros 66,29 watts, ambos em stand-by).
Males que vêm para o bem
Vale a pena observar que, por mais que tais iniciativas possam parecer incrivelmente restritivas, elas fazem bastante sentido: um estudo de 2015 conduzido pela Associação da Indústria de Semicondutores (Semiconductor Industry Association ou SIA) constatou que “a computação deixará de ser sustentável em 2040, quando a energia necessária para a tal excederá a produção de energia mundial estimada”. O estudo alertou que seriam necessárias iniciativas para tornar os PCs energeticamente mais eficientes.
"O consumo total de energia para computação de uso geral continua a crescer exponencialmente e está dobrando aproximadamente a cada três anos, enquanto a produção de energia mundial está crescendo apenas linearmente, cerca de 2% ao ano”, conclui o relatório.
Com isso, a Califórnia — e outros estados — resolveram criar a CEC, que projetou “economizar mais de 2,3 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade por ano — o equivalente ao uso anual de eletricidade por todas as casas em São Francisco — e evitar 730.000 toneladas por ano de poluição climática por carbono proveniente de usinas movidas a combustíveis fósseis”. Isto posto, é importante entender que PCs gamer não estão proibidos; trata-se de uma ação que visa impulsionar as próprias fabricantes a construi-los de forma mais ecológica e eficiente.
Fonte: The Register, AppleInsider