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A Ticketmaster invadiu os sistemas de marca rival e agora vai pagar US$ 10 mi por isso

Ramon de Souza

Acha que espionagem cibernética corporativa é coisa de filme de ficção científica? Eis um caso que lhe fará pensar diferente. A Ticketmaster — multinacional líder na venda de ingressos para espetáculos musicais, teatrais e esportivos — concordou em pagar uma indenização de absurdos US$ 10 milhões (cerca de R$ 52 milhões) à extinta CrowdSurge, que foi comprada e agora faz parte da plataforma de descoberta de shows Songkick.

O motivo para tal transação? Ficou provado que, anos atrás, a Ticketmaster e sua parceira Live Nation trabalharam juntas para invadir os sistemas do serviço e roubar informações privilegiadas. Para isso, elas contrataram, em 2013, o ex-funcionário da CrowdSurge Stephen Mead, convencendo-o a ceder suas antigas credenciais para que as duas corporações pudessem futricar nas entranhas da startup.

Vamos deixar de lado o vacilo enorme da CrowdSurge de manter ativo o login de um colaborador desligado e nos focar no que foi acessado: painéis de analytics de gerenciamento de artistas, links ocultos de previews de venda de ingressos e outros dados que davam à Ticketmaster um panorama sobre a operação da competidora, abordando seus clientes para oferecer serviços e condições semelhantes.

“Funcionários da Ticketmaster acessaram repetidamente — e ilegalmente — os computadores de um concorrente sem a sua autorização, usando senhas roubadas para coletar informações corporativas ilegalmente. Além disso, eles realizaram descaradamente uma ‘cúpula’ em toda a divisão em que as senhas roubadas foram usadas para acessar os computadores da empresa vitimada”, explicou o advogado Seth DuCharme.

Embora a indenização só tenha sido sentenciada agora, vale observar que a investigação está pendente desde 2017, quando a CrowdSurge abriu um processo de práticas anticompetitivas contra a Live Nation e jogou no ventilador as acusações de invasão. De lá para cá, um dos “cabeças” da operação, Zeeshan Zaidi, foi demitido pela Ticketmaster, tal como Stephen Mead.

“A Ticketmaster demitiu Zaidi e Mead em 2017, depois que suas condutas vieram à tona. Suas ações violavam nossas políticas corporativas e eram inconsistentes com nossos valores. Estamos satisfeitos que este assunto esteja resolvido”, afirmou a companhia ao The Verge.


Fonte: The Verge

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