Read, hack, repeat

Após pressão de editoras, Open Library cancela “empréstimo sem limites” de livros

Ramon de Souza

A partir do momento em que os responsáveis pelo projeto Open Library — biblioteca livre digital, aberta e colaborativa — perceberam que as livrarias físicas tiveram que fechar as portas por conta da COVID-19, eles decidiram remodelar temporariamente o seu método de funcionamento. Até então, o site disponibilizava, via um sistema de “empréstimo”, livros protegidos por direitos autorais, desde que a equipe do projeto tivesse pelo menos uma cópia física do próprio em seus escritórios.

Qualquer internauta poderia pegar uma versão da obra emprestada durante um tempo limitado — período em que ela se mantinha indisponível para outros usuários. Porém, para ajudar na disseminação de conhecimento durante a crise do novo coronavírus, em um programa denominado “National Emergency Library”, a Open Library decidiu suspender esse sistema e liberou empréstimos ilimitados para qualquer título de seu catálogo, independentemente de quantas cópias físicas ela possui em estoque.

Não demorou muito para que tal decisão irritasse os peixes grandes do mercado editorial norte-americano. Em uma ação judicial conjunta, as editoras Hachette, HarperCollins, Wiley, e Penguin Random House afirmaram que, “apesar do nome Open Library, as ações da Internet Archive excedem drasticamente os serviços legítimos de uma biblioteca, violam a lei de direitos autorais dos Estados Unidos e constituem pirataria digital em uma escala industrial”.

(Reprodução: Internet Archive)

Cancelamento repentino

A pressão judicial forçou a Internet Archive, mantenedora do projeto, a encerrar o programa duas semanas antes do inicialmente planejado. Em uma postagem publicada em seu blog oficial, a entidade afirmou que a agenda teve que mudar depois que “quatro editoras comerciais decidiram processar a Internet Archive em plena pandemia global”.

A biblioteca online ainda pediu publicamente para as casas editoriais “cancelarem seu ataque dispendioso” e afirmou que tal atitude era uma afronta contra todas as iniciativas similares, incluindo o Projeto Gutemberg e a WorldCat.

A Open Library foi fundada em 2007 pelo ativista Aaron Swartz e sempre foi mal vista pelo mercado editorial tradicional. Após ser preso e sofrer inúmeros processos por conta de seus esforços em distribuir informação de forma livre, Swartz se suicidou em 2013 e a Internet Archive se tornou a principal responsável pela biblioteca digital.


Fonte: Ars Technica, Internet Archive

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