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Celular de Jeff Bezos teria sido hackeado por príncipe saudita

Ramon de Souza

Jeff Bezos, CEO e fundador da Amazon, teria tido seu celular comprometido após receber um vídeo de Mohammed bin Salman, príncipe da Arábia Saudita. De acordo com uma reportagem publicada pelo The Guardian — que afirma ter obtido acesso a uma investigação sigilosa sobre o caso —, o incidente ocorreu no dia 1º de maio, data em que Salman enviou o arquivo malicioso via WhatsApp para Bezos, semanas após ambos manterem uma conversa amigável através do aplicativo.

Se as alegações forem verdadeiras, é bem provável que a invasão tenha motivações políticas: é importante lembrar que o executivo norte-americano também lidera o The Washington Post, tabloide famoso por sua cobertura crítica ao governo saudita. Inclusive, um dos colunistas mais populares do jornal era justamente o jornalista Jamal Kashoggi, que foi assassinado em uma embaixada da Arábia Saudita na Turquia em outubro de 2018.

Também é válido citar que, ao longo de 2019, Bezos travou uma forte batalha contra a American Media Inc (AMI), editora do jornal rival National Enquirer, que começou a chantageá-lo ameaçando divulgar informações sobre sua vida privada (e chegando inclusive a noticiar o divórcio do executivo).

Príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, se tornou amigo de diretor de jornal rival de Bezos (Reprodução: The Times of Israel)

O celular do empresário vem sido investigado desde então. Em um episódio anterior, o chefe de segurança pessoal de Bezos, Gavin de Becker, já havia alertado para a relação “próxima” entre o príncipe saudita e David Pecker, presidente da AMI.

Zero day?

Procurado pelo The Guardian, o advogado de Jeff Bezos afirmou que não daria declarações, mas garantiu que o executivo está “colaborando com as investigações”. Já a Arábia Saudita disse ser “absurda” a acusação de envolvimento do país na invasão do celular de Bezos. “Pedimos uma investigação sobre essas alegações para que possamos descobrir todos os fatos”, afirmaram porta-vozes da embaixada saudita no Twitter, na manhã desta quarta-feira (22).

Comprometer um smartphone através de um simples vídeo enviado por WhatsApp pode parecer algo fantasioso, mas tal golpe era possível em 2018. Vale lembrar que o próprio mensageiro confessou a vulnerabilidade e só a consertou em novembro de 2019. Na época, porém, o app garantiu que não haviam indícios de que o bug tivesse sido usado para lesar seus usuários.


Fonte: The Guardian, Terra

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