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Cientistas conseguiram “reviver” cérebros de suínos horas após a sua morte

Ramon de Souza

Um experimento conduzido por pesquisadores da Universidade de Yale pode ter sido o primeiro passo para a reconstrução do entendimento humano sobre a morte. Utilizando um mecanismo próprio e um coquetel químico projetado para simular sangue, os cientistas conseguiram reviver parcialmente os cérebros de um grupo de suínos que haviam sido abatidos muitas horas antes.

Para realizar o estudo, os profissionais se apossaram dos restos de porcos em um abatedouro. Os exemplares chegaram ao laboratório quatro horas após o abate e seus cérebros foram conectados em uma máquina que simula a circulação sanguínea, passando a injetar oxigênio e uma série de outras substâncias diretamente no órgão. Esse composto foi bombeado durante aproximadamente seis horas.

Após um total de dez horas após a morte dos suínos, os cientistas identificaram uma gradativa redução na degeneração das células, uma restauração nas veias e uma leve atividade cerebral — foram detectadas, inclusive, conexões funcionais para comunicação entre neurônios. Apesar disso, ficou constatado também que os porcos não apresentavam sinais de consciência, mantendo-se silenciosos em testes de eletroencefalografia.

Ou seja, para todos os efeitos, eles estavam mortos. Porém, estavam funcionais.

A local pig farm, coined the Mangi Project, raises funds for a local family and neighbors to put their children into better schools. These piglets are only a week old and will grow to be 300-400 pounds in weight when full grown. They will be sold in local markets for breeding purposes or as food for the villagers.
(Reprodução: Kameron Kincade)

Mais respostas e mais perguntas

Obviamente, o objetivo dos pesquisadores a médio prazo não é encontrar uma forma de reviver seres humanos, mas sim utilizar os conhecimentos obtidos através de tais observações para encontrar uma maneira de frear doenças degenerativas (como o Alzheimer). Nenad Sestan, um dos professores envolvidos no experimento, afirmou que o projeto permitiu descobrir que “alguns dos processos da morte celular podem ser adiados, preservados ou até mesmo revertidos”.

Ainda assim, é natural que esse tipo de pesquisa acenda discussões sobre o verdadeiro significado científico de “morte” — ainda mais quando falamos de “morte cerebral”. Também serão necessárias sessões adicionais para descobrir, por exemplo, o que aconteceria se os suínos foram submetidos ao maquinário imediatamente após sua morte.


Fonte: BBC, Nature

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