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Fact-check: “cartão de associado antifascista” é real, mas com um porém…

Ramon de Souza

A onda de protestos contra o fascismo que agitaram o Brasil ao longo das últimas semanas criou um cenário político bastante perturbador, com direito a uma série de piadas sendo compartilhadas nas redes sociais a respeito daqueles que se consideram “antifascistas”. No meio dessa confusão toda, alguns internautas começaram a circular um link para um site alemão que estaria comercializando “cartões de associado” chamados ANTIFAmily© Card, disponibilizado em três edições: Basic, Platinum e International.

Não demorou muito para que a internet brasileira começasse a usar tal site para criticar ainda mais o antisfascismo — afinal, a comercialização de uma “carteirinha oficial”, com chip, tecnologia contactless, benefícios de associado e tudo mais, vai totalmente contra a ideia descentralizada de toda filosofia, teoria ou prática ativista que visa combater ideologias políticas supremacistas. Porém, o que muitos não entenderam é o que o tal ANTIFAmily© Card é justamente uma sátira contra as fake news espalhadas por movimentos de direita.

Os cartões, de fato, estão à venda, sendo possível adquiri-los por 2 euros (Basic) ou 6 euros (Platinum e International), sendo que parte desses valores são referentes aos custos de produção e parte é destinado como doação à iniciativa EXIT-Germany, que foi fundada pelo criminologista Bernd Wagner e pelo ex-líder neo-nazista Ingo Hasselbach como um forma de ajudar alemães a abandonar ambientes e círculos de extrema direita com vieses violentos.

Sendo assim, as carteirinhas nada mais são do que uma forma divertida de responder às fake news e às visões dos movimentos de direita de que o antifascismo seria um “grupo organizado”, com membros “oficiais” que precisam pagar uma mensalidade em sua luta contra políticas supremacistas. O site do projeto lista uma série de benefícios falsos e irônicos para quem virar membro do ANTIFAmily, incluindo “descontos em comidas e drinks em fast foods” e “uso de transporte público gratuito (direção ilegal)”.

(Divulgação: ANTIFAmily Card)

Em alguns sentidos, o projeto lembra um pouco o Principado de Sealand, famosa micronação que comercializa certificados de realeza, cartões de identidade e até mesmo “pedaços de terra” — tudo fictício, mas que pode ser usado de uma maneira descontraída para provar seu suporte às ideologias libertárias da nação (que quase foi comprado pelo The Pirate Bay para armazenar seus servidores, visto que, por estar localizado em águas “neutras”, não responde às leis antipirataria de país algum).


Fonte: ANTIFAmily Card, Der Volksverpetzer

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