Read, hack, repeat

Microsoft patenteia tecnologia que revive pessoas mortas em chatbot e modelos 3D falantes

Guilherme Petry

A Microsoft quer criar chatbots que imitam pessoas reais, estejam elas vivas ou mortas. A tecnologia foi patenteada pela empresa em dezembro de 2020 e lembra o primeiro episódio da segunda temporada da série Black Mirror, “Be Right Back”, onde uma garota compra um robô com inteligência artificial, idêntico ao seu póstumo ex-marido.

A patente foi descoberta pelo portal Protocol. No documento, a Microsoft apresenta seu projeto que busca reconstruir pessoas digitalmente, tanto com a criação de um chatbot, como de modelos 2D ou 3D falantes.

Segundo a empresa, os chatbots e os modelos digitais, devem ser desenvolvidos com base em informações, vídeos, áudios, dados de redes sociais e dados gerais, associados à uma pessoa específica, ao invés de usar inteligência artificial e machine learning para treinar bots genéricos de forma tradicional, como já é feito pelo mercado há anos.

Capa da patente, disponível no site do Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO).

Os “dados sociais”, que é como a Microsoft prefere chamar esses dados, majoritariamente, extraídos de redes sociais, serão utilizados para construir um perfil que deve incorporar e conversar como uma pessoa específica.

“Os dados sociais podem ser usados para criar ou modificar um índice especial no tema da personalidade de uma pessoa específica... O índice especial pode ser usado para treinar um chatbot para conversar e interagir com a personalidade de uma pessoa específica.”

Além do chatbot e do modelo digital, a empresa também quer que seus modelos criem áudios com a voz da pessoa reconstruída. “Em alguns aspectos, uma fonte de voz de uma pessoa específica pode ser gerada usando gravações e dados de som relacionados à pessoa específica”, afirma a patente.

Modelo do dispositivo, disponível no site do Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO).

A pessoa a ser reconstruída não necessariamente precisa estar morta, ela também pode ser alguém vivo como uma celebridade, um familiar ou um amigo, até mesmo como pode ser o próprio usuário.

“A pessoa específica pode corresponder a uma entidade passada ou presente (ou uma versão dela), como um amigo, um parente, um conhecido, uma celebridade, um personagem fictício, uma figura histórica... [como] também pode corresponder a si mesmo (por exemplo, o usuário criando/treinando o chatbot”, escrevem os responsáveis pela patente.

Assim como qualquer chatbot, é necessário treinar a inteligência artificial para que ela reproduza uma pessoa de forma legítima. Se bem treinada, é capaz de reproduzir até mesmo a dicção, tom de voz, sotaque e estilo de uma pessoa.

No entanto, se não forem fornecidos dados suficientes, a tecnologia busca dados externos para preencher as lacunas. Nesses casos, há chance o robô dizer algo que a pessoa incorporada jamais diria.

Modelo do dispositivo, disponível no site do Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO).

É importante lembrar que ainda não há um protótipo rodando com a tecnologia. A ideia apresentada na patente ainda deve ser desenvolvida e amadurecida para que seja lançada em produtos direcionados aos consumidores finais.


Fontes: Protocol; United States Patent and Trademark Office.

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