A Microsoft quer criar chatbots que imitam pessoas reais, estejam elas vivas ou mortas. A tecnologia foi patenteada pela empresa em dezembro de 2020 e lembra o primeiro episódio da segunda temporada da série Black Mirror, “Be Right Back”, onde uma garota compra um robô com inteligência artificial, idêntico ao seu póstumo ex-marido.
- Cingapura libera acesso da polícia a dados pessoais de aplicativo de rastreio da COVID-19 no país
- Retrospectiva 2020: Confira as principais matérias da The Hack durante o ano
- [Especial] O presente que você NÃO pediu ao Papai Noel
A patente foi descoberta pelo portal Protocol. No documento, a Microsoft apresenta seu projeto que busca reconstruir pessoas digitalmente, tanto com a criação de um chatbot, como de modelos 2D ou 3D falantes.
Segundo a empresa, os chatbots e os modelos digitais, devem ser desenvolvidos com base em informações, vídeos, áudios, dados de redes sociais e dados gerais, associados à uma pessoa específica, ao invés de usar inteligência artificial e machine learning para treinar bots genéricos de forma tradicional, como já é feito pelo mercado há anos.
Os “dados sociais”, que é como a Microsoft prefere chamar esses dados, majoritariamente, extraídos de redes sociais, serão utilizados para construir um perfil que deve incorporar e conversar como uma pessoa específica.
“Os dados sociais podem ser usados para criar ou modificar um índice especial no tema da personalidade de uma pessoa específica... O índice especial pode ser usado para treinar um chatbot para conversar e interagir com a personalidade de uma pessoa específica.”
Além do chatbot e do modelo digital, a empresa também quer que seus modelos criem áudios com a voz da pessoa reconstruída. “Em alguns aspectos, uma fonte de voz de uma pessoa específica pode ser gerada usando gravações e dados de som relacionados à pessoa específica”, afirma a patente.
A pessoa a ser reconstruída não necessariamente precisa estar morta, ela também pode ser alguém vivo como uma celebridade, um familiar ou um amigo, até mesmo como pode ser o próprio usuário.
“A pessoa específica pode corresponder a uma entidade passada ou presente (ou uma versão dela), como um amigo, um parente, um conhecido, uma celebridade, um personagem fictício, uma figura histórica... [como] também pode corresponder a si mesmo (por exemplo, o usuário criando/treinando o chatbot”, escrevem os responsáveis pela patente.
Assim como qualquer chatbot, é necessário treinar a inteligência artificial para que ela reproduza uma pessoa de forma legítima. Se bem treinada, é capaz de reproduzir até mesmo a dicção, tom de voz, sotaque e estilo de uma pessoa.
No entanto, se não forem fornecidos dados suficientes, a tecnologia busca dados externos para preencher as lacunas. Nesses casos, há chance o robô dizer algo que a pessoa incorporada jamais diria.
É importante lembrar que ainda não há um protótipo rodando com a tecnologia. A ideia apresentada na patente ainda deve ser desenvolvida e amadurecida para que seja lançada em produtos direcionados aos consumidores finais.
Fontes: Protocol; United States Patent and Trademark Office.