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Phineas Fisher, o misterioso hacker que quer “reviver” o hackativismo

Ramon de Souza

Após anos de silêncio, o misterioso hacker Phineas Fisher voltou à ativa. Tendo ficado famoso após invadir a firma italiana de espionagem Hacking Team em 2015, o hackativista anônimo — e que já fez uma curiosa aparição pública como um fantoche — divulgou, na última semana, nada menos do que 2 TB de informações sensíveis roubadas do Cayman National Bank, famosa instituição que oferece serviços financeiros nas Ilhas Cayman.

O vazamento inclui dados de aproximadamente 1,4 mil clientes (incluindo nome completo e saldo bancário) e pelo menos 640 mil emails trocados entre correntistas e o banco, que costuma ser usado para manter contas offshore por estar sediado em um paraíso fiscal. Ao Motherboard, Phineas afirmou que a instituição estaria ativamente envolvido em esquemas de lavagem de dinheiro, sendo apoiado, inclusive, pela “oligarquia russa”.

Em um comunicado oficial direcionado à imprensa, a Cayman National garantiu que, em cooperação com as autoridades locais, está investigando o real impacto do incidente e os responsáveis pelo roubo de informações. “Nós, assim como praticamente qualquer outro grupo bancário internacional, não está imune a tentativas constantes de hackers em ganhar acesso a dados confidenciais”, comentou Nigel Gautrey, managing director da instituição.

Incentivando o hacking político

A notícia da invasão veio pouco tempo depois que Phineas anunciou seu “Hackativist Bug Hunting Program”, prometendo pagar até US$ 100 mil em criptomoedas para qualquer pessoa que conseguir invadir ou atacar grandes corporações globais. Como exemplo, Fisher citou a israelense NSO Group (autora do infame spyware comercial Pegasus) e a empresa petrolífera Halliburton (constantemente envolvida em escândalos internacionais).

A ideia por trás de tal programa seria incentivar invasões de motivação política, o que resultaria na divulgação de documentos de interesse público para manchar a imagem de empresas que violem os direitos humanos ou que estejam envolvidas com corrupção. O “prêmio” pode ser resgatado em bitcoins ou em Monero, e, inclusive, teria sido roubado do próprio banco das Ilhas Cayman.

“Hackear para obter e vazar documentos de interesse público é uma das melhores maneiras de os hackers usarem suas habilidades para beneficiar a sociedade [...] não estou tentando enriquecer ninguém. Estou apenas tentando fornecer fundos suficientes para que os hackers possam ter uma vida decente fazendo um bom trabalho”, afirmou Phineas, em entrevista ao Motherboard.


Fonte: HackRead, Cayman International, VICE

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