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À frente de seu tempo? Primeiro dispositivo de videochamadas completa 50 anos

Ramon de Souza

O “boom” do trabalho remoto ocasionado pela pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV2) só foi possível graças ao uso de uma tecnologia que, hoje, é considerada bastante comum: a videoconferência. Conversar com seus colegas de trabalho e realizar reuniões através de plataformas como Zoom e Hangouts virou algo rotineiro e acessível para empresas de qualquer porte — porém, o cenário era bem diferente na década de 70. Naquela época, você tinha que pagar horrores para ter esse privilégio (ou luxo, como devíamos chamar).

Antes da popularização dos computadores pessoais e da internet, existia um dispositivo chamado Picturephone, apresentado e lançado pela operadora norte-americana AT&T em 1964 durante a New York World’s Fair. A engenhoca, porém, não podia ser adquirida — para utilizá-la, era necessário se dirigir até um dos três postos de atendimento da companhia e pagar US$ 16 (cerca de R$ 85) para realizar uma chamada de três minutos, o que não colaborou muito para o sucesso do invento.

Porém, seis anos depois, em 1970, a AT&T lançou o Picturephone II, que foi fabricado e comercializado em massa. Qualquer empresa (a priori, apenas na cidade de Pittsburgh) podia instalar o gadget em seu escritório. E foi assim que a primeira videochamada comercial — entre o prefeito Pete Flaherty e John Harper, chairman da Alcoa — foi realizada no dia 30 de junho de 1970. Curiosamente, os executivos estavam a poucas quadras de distância.

Caro demais

O Picturephone II era tudo o que você pode imaginar de um gadget retrofuturista dos anos 70: tinha um design bastante curioso, se assemelhando àqueles velhos aparelhos de televisão e um diminuto display monocromático. Porém, era recheado de recursos interessantes, incluindo zoom, compartilhamento de documentos, mute e um “modo de privacidade” que desligava temporariamente a câmera do usuário (bom, naquele tempo, ainda não existiam capas de webcam).

Por mais que o Picturephone II tenha sido a faísca que iniciou o mercado de videoconferências, seu preço continuava sendo um impeditivo para seu sucesso comercial: a AT&T cobrava uma mensalidade de US$ 160 (R$ 859 na cotação atual) por apenas 30 minutos de uso, o que tornava inviável a sua aplicação para a realização de reuniões constantes. Talvez isso explique porque o invento só teve 453 unidades ativas em seu “pico de popularidade”, em 1973.


Fonte: FastCompany

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