Read, hack, repeat

Crianças descobrem como invadir um Linux Mint explorando uma falha no protetor de tela

Guilherme Petry

Duas crianças que brincavam no computador do pai, encontraram uma vulnerabilidade no protetor de tela do Linux Mint, no final de dezembro de 2020. De acordo com o pai, que relatou o caso em um fórum do GitHub, a vulnerabilidade permitia burlar a necessidade de senha ao tentar acessar o computador, depois do protetor de tela. A vulnerabilidade foi corrigida pelos desenvolvedores.

Sistemas operacionais baseados em Linux são conhecidos por serem mais seguros, principalmente por serem open source, ou seja, com o código fonte aberto para qualquer um que queira checar sua integridade ou funcionamento. Além disso, são atualizados com frequência e em alguns casos, já são desenvolvidos com segurança em mente.

No entanto, “algumas semanas atrás, meus filhos queriam hackear meu desktop Linux, então eles digitaram e clicaram em todos os lugares, enquanto eu estava parado atrás, olhando eles brincarem”.

Quando as crianças conseguiram burlar o protetor de tela, o pai, identificado apenas como “robo2bobo” no GitHub, não acreditou no que tinha acabado de ver. “Achei que era um incidente único, mas eles conseguiram fazer uma segunda vez [...] Vi o bloqueio de tela travar duas vezes com meus próprios olhos, então é bem real”, escreve.

“Tentei recriar o travamento sozinho, sem sucesso, talvez porque exigisse mais de 4 mãozinhas digitando e usando o mouse no teclado virtual”.

O pai explica que depois que a área de trabalho é desbloqueada, não é possível bloqueá-la novamente. “O processo de proteção de tela fica praticamente morto e exige que eu abra um shell e execute o 'cinnamon-screensaver' manualmente para fazê-lo funcionar”, explica.

Para explorar essa vulnerabilidade, era necessário ter em mãos um computador rodando Linux Mint com interface de usuário Cinnamon, travar o sistema, clicar no teclado virtual e digitar nele ao mesmo tempo que digita no teclado tradicional, o máximo de teclas possíveis.

Relatório do pai das crianças no GitHub. Foto: GitHub.
Relatório do pai das crianças no GitHub. Foto: GitHub.

Correção

Clement Lefebvre, responsável pelo Linux Mint, confirmou que a vulnerabilidade existia em um processo chamado libcaribou. O problema foi corrigido com o lançamento dos patchs Mint 19.x e Mint 20.xe publicados nesta quarta-feira (13).

“Em todas as versões do Cinnamon, o teclado na tela (iniciado a partir do menu) é executado dentro do processo Cinnamon e usa libcaribou, pressionar ē trava o sistema. Nas versões do Cinnamon 4.2 e superiores, há um OSK [on-screen keyboard] libcaribou no protetor de tela, pressionar ē trava o protetor de tela”, explica o desenvolvedor do sistema.

O desenvolvedor explica que a equipe está trabalhando para adicionar a possibilidade de ligar ou desligar o teclado na tela, o que poderia evitar futuras vulnerabilidades desse tipo.

Patches atualizados foram publicados nos comentários do relatório. Foto: GitHub.
Patches atualizados foram publicados nos comentários do relatório. Foto: GitHub.

Fontes: ZDNet; GitHub.

Compartilhar twitter/ facebook/ Copiar link
Your link has expired
Success! Check your email for magic link to sign-in.