Os Jogos Olímpicos de Verão de 2020, que foram remarcados para ocorrer em Tóquio entre os dias 23 de julho e 8 de agosto deste ano, certamente serão vítimas de uma ampla gama de ataques cibernéticos. Pensando nisso, o governo japonês já treinou um “exército” composto por nada menos do que 220 especialistas em segurança da informação, que atuarão durante o evento como hackers éticos protegendo sistemas contra eventuais disrupções.
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De acordo com informações do jornal local The Mainichi, os profissionais são, em sua maioria, colaboradores de grandes corporações nacionais como a Nippon Telegraph and Telephone (NTT), que domina o mercado de telecomunicações no país. O periódico ressalta ainda que o “extenso programa de treinamento” ficou a cargo do Instituto Nacional de Informação e Tecnologias de Comunicações.
No total, as aulas foram ministradas em 20 tópicos e os participantes foram divididos em grupos para defender sistemas específicos, enfrentando exercícios práticos que simulam situações da vida real. Obviamente, porém, o órgão não detalhou as disciplinas repassadas, mantendo um nível saudável de sigilo a respeito de o quão preparado está esse esquadrão de “hackers do bom”.
Paranoia? Não mesmo
Alguns até podem encarar tal atitude como uma visão paranóica por parte das autoridades japonesas, mas, vejamos bem: pouco tempo após os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang 2018, que ocorreu na Coreia do Sul, seis membros da inteligência russa foram acusados pelos Estados Unidos de tentar causar disrupções cibernéticas no evento e manter uma campanha de espionagem contra o país asiático.
Ademais, o Departamento Britânico de Relações Exteriores, Comunidade e Desenvolvimento já emitiu — no começo do 2020, antes do evento ser adiado por conta da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV2) — que a Rússia poderia tentar intervir nas Olimpíadas de Tóquio no campo digital. As autoridades britânicas, inclusive, listaram recomendações para os organizações e para a cadeia de suprimentos do evento.
Vale lembrar que, embora tudo tenha ocorrido nos conformes, as Olimpíadas Rio 2016 registraram 4,2 milhões de incidentes cibernéticos, sendo que a maioria deles foram ataques de negação de serviço (DDoS) oriundos de grupos hacktivistas do próprio Brasil. A proteção da infraestrutura ficou a cargo da Cisco, que contou com o apoio operacional de 65 especialistas dedicados em um Centro de Operações de Segurança (SoC).
Fonte: Inside the Games